Espera! Quero ver outra coisa!

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Revolta!!!!

Estou a fazer uma pausa na escrita da minha tese para vir aqui escrever umas revoltas. 

Dez anos antes, quando imaginava o meu futuro, via-me muito empenhada e realizada no meu emprego. Satisfeita profissional e pessoalmente. Queria ganhar dinheiro, muito dinheiro, para ser muito rica. Queria ter uma família com 2 filhos no mínimo. O dinheiro iria servir para comprar o que sempre sonhei: uma quinta enorme cheia de cavalos e, no mínimo, 10 cães. Iria situar-se numa zona calma, mas perto de uma grande cidade. Iria viver lá com os meus filhos e com o meu futuro marido. Eles poderiam brincar com os cães, andar a cavalo, enquanto que eu estaria sentada numa espreguiçadeira, com óculos de sol e um sumo de laranja natural, a ler um belo livro. Os meus filhos iriam ser óptimos alunos e o meu marido um esposo exemplar.
Este, minha gente, é o meu maior sonho desde que me lembro que sou gente.
Contudo, deparo-me com a realidade actual. Tenho 25 anos, sou licenciada há dois, estou a acabar a minha tese de mestrado, nunca trabalhei na minha área e recuso-me a trabalhar de graça ou a 3€ à hora . 
Vivo no Porto, que considero a minha cidade, a minha casa, que me acolhe há 7 anos, e não quero sair daqui.
Toda a minha família nasceu, estudou e trabalhou em Portugal.
 A minha vida presente é bastante boa. Tenho muitos amigos, sou feliz a viver sob carpe diem. Mas quando ponho numa balança a minha situação actual e a minha situação de há sete anos atrás, vejo a diferença: não tenho esperança nenhuma no meu país, o sonho de ter uma quinta desvaneceu-se, o de constituir família também, não tenho sonhos, as minha ambições não passam por Portugal; mas o mais importante de tudo é que há sete anos eu tinha família neste país. Agora, estou sozinha. Os meus entes queridos emigraram para diferentes países e deparo-me com a maior e mais terrível decisão de sempre: ir juntar-me aos meus pais? Ou ao meu irmão e sobrinho? E o meu namorado???!!!

Em Novembro já tenho o mestrado concluído. Não vou ter sitio para onde ir. Lá irei ter que emigrar, contra a minha vontade. Vou abandonar o meu Porto, os meus amigos mais queridos, o meu cão, a minha vida. O meu sonho vai ser abandonado de vez: vou lutar para ganhar dinheiro para sobreviver e não para construir o meu futuro...

Quando envio um currículo e pedem para anexar carta de motivação, só desejo ter coragem para escrever: "Não quero emigrar!".

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